O Passarinho Traz a Pura Verdade que você não quer enxergar

Os bastidores da política do Distrito Federal andam fervendo. A polarização não só dominou o debate como virou critério de sobrevivência eleitoral.

Nessa edição, a coluna te leva por dentro das estratégias, recalculadas de olho nas redes sociais, nos algoritmos e, claro, nas urnas de 2026.

Quem ainda acha que é possível ser isentão e surfar nos aplausos da moderação vai ficar esperando no ponto.

Enquanto isso, o jogo real está sendo jogado no campo da disputa ideológica — e com muita movimentação debaixo do tapete.

1 – A guerra no plenário

Quem acompanha as sessões da Câmara Legislativa já percebeu: os discursos muitas vezes parecem mais voltados para Brasília (a capital da República) do que para Brasília (o Distrito Federal). A polarização nacional invadiu o plenário local e transformou debates sobre buracos e saúde em palanques ideológicos. E o povo? Segue na fila da UBS.

2 – Lula x Bolsonaro, agora com Wi-Fi

As farpas entre bolsonaristas e lulistas não são mais apenas trocadas no plenário — elas são estrategicamente clipadas e jogadas nas redes sociais. É TikTok, Reels, X (Twitter)… o que importa é viralizar. O embate local virou um produto de alcance nacional.

3 – O algoritmo exige sangue

Infelizmente — ou não — os conteúdos que mais repercutem nas redes sociais não são os que falam da creche que não saiu ou da rua que alaga. São os que inflamam. STF, censura, Trump, Lei Magnitsky… e o vereador lá do interior viraliza. O sistema recompensa a gritaria.

4 – A lógica da vitrine

Deputado distrital é igual vendedor em feira: precisa gritar para ser ouvido. E em tempos de redes sociais, o que grita mais alto é o que divide. O que emociona. O que cola em Lula ou Bolsonaro. Ideologia virou vitrine e, muitas vezes, a única.

5 – Você é Lula ou Bolsonaro?

Essa é a pergunta que muitos eleitores fazem antes de perguntar o que o deputado fez pelo posto de saúde do bairro. A polarização encurtou o debate político e ampliou o peso da identificação ideológica. Voto não se pede mais com proposta, mas com posição.

6 – Os bastidores da polarização local

Nos corredores da CLDF, muitos parlamentares admitem: é mais fácil conseguir engajamento atacando o Lula ou o Bolsonaro do que explicando a PEC dos 15%. E como hoje em dia engajamento vale voto, a escolha é quase óbvia.

7 – Lacrou, subiu. Falou sério, flopou.

Político que fala com base em dados, gráficos e relatórios pode até convencer a academia, mas não fura a bolha. Agora, soltou uma frase de efeito, viralizou. É a era da política performática. E tem muito ator no palco.

8 – O público quer treta, não prestação de contas

Vídeo sobre a UBS da Ceilândia? 143 views. Vídeo sobre o Xandão? 1 milhão. É um sintoma claro: o público se informa por entretenimento e se entretém por política. A fronteira entre os dois já não existe mais.

9 – Da política ao circo digital

Quando um parlamentar se prepara mais para o discurso do que para o projeto de lei, sabemos que algo está mudando. E de fato mudou. Hoje, boa parte da política é feita no palco virtual. A tribuna é só o cenário.

10 – Os algoritmos elegerão os próximos

O eleitorado de 2026 será formado por gente que se informa via celular. Quem não entender isso, está fora do jogo. Deputado que não viraliza, desaparece. E os marqueteiros já sabem: a pauta local não engaja. Mas a nacional sim.

11 – O perigo da caricatura

O problema é que, no afã de viralizar, alguns parlamentares viram personagens de si mesmos. Exageram o discurso, perdem a linha, e de repente não se sabe mais se é um político ou um meme ambulante. A seriedade ficou no arquivo morto.

12 – A bolha é confortável, mas traiçoeira

Por fim, um alerta: falar só para quem concorda é bom para engajamento, mas péssimo para governar. A política não pode se resumir a likes e retweets. Deputado que quer construir pontes não pode viver de incendiar muros.

13 – Vista a carapuça, quem quiser

Nos bastidores da política do DF, o clima é de desconfiança. Uma figura política muito conhecida — e de óculos — estaria montando um projeto paralelo para o Buriti. O problema? Ela estaria dizendo uma coisa em público, outra em privado. E tem gente de olho. Muito olho.

14 – A lupa do Palácio do Buriti

O núcleo duro do governo já identificou movimentações silenciosas de quem finge lealdade, mas está organizando palanque próprio. O Palácio monitora tudo com lupa. O xadrez político está sendo montado, mas não pense que o rei e a rainha estão distraídos.

15 – Piscapisca à disposição

Tem um político — apelidado carinhosamente de Piscapisca — que andou se oferecendo para ser vice dessa figura midiática. Pode parecer piada, mas é fato. Tem gente achando que vai surfar no recall alheio e esqueceram que vice não herda trono em golpe de sorte.

16 – A briga com os Bolsonaros

A tal política de óculos — que todos conhecem — parece não estar mais no grupão de zap dos Bolsonaros. As farpas são veladas, mas reais. E esse distanciamento pode ser o motivo da chapa alternativa. Só que sem o selo da família, o eleitor da direita desconfia.

17 – Coronel mudou de rota

O coronel Moreno, que foi candidato ao Palácio do Buriti na eleição passada e conquistou quase 100 mil votos, já bateu o martelo: será candidato a deputado federal. Quem apostava que ele insistiria em disputar o Buriti, pode riscar esse nome da lista. Moreno vai entrar no jogo com discurso firme à direita e navegando em águas menos turbulentas. A conferir o tamanho da onda.

18 – O tempo do isentão acabou

Nesses tempos de polarização, não há mais espaço para o isentão. Quem tenta equilibrar demais acaba tropeçando. Ficar em cima do muro hoje é o caminho mais rápido pra desaparecer do debate. E ainda tem político achando que dá pra crescer dizendo que não é “nem de esquerda, nem de direita”.

19 – Isentão não puxa voto

Tem pré-candidato fazendo conta com base em votos de 10 anos atrás. Calcula 800 mil, acha que o clima ainda é de conciliação nacional. Só que o eleitor de hoje não vota em cima do muro. Quer saber o lado. E quer firmeza. Quem aposta em discurso de calmaria vai acabar naufragando em águas revoltas.

20 – O causo do ex-deputado e o GPS ideológico

Conta-se que um ex-deputado do DF, famoso por sempre “ponderar”, foi chamado certa vez para um debate. Um lado defendia Bolsonaro com unhas e dentes. O outro era Lula do fio do cabelo até o sapato. E o ex-deputado? Disse que preferia “não se posicionar, pra não melindrar ninguém”. Resultado: não foi aplaudido por ninguém, saiu vaiado pelos dois lados e ainda viralizou… como meme de isentão. Moral do causo: quem não escolhe um lado, acaba sendo descartado por todos.

Pensamento do dia 🧠

“Quem tenta agradar a todos, termina esquecido por todos.”

— Um passarinho com faro político

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