O tribunal das redes e o caso Daniel Donizet

1 – O julgamento que começa nas redes

O ambiente político de Brasília já foi mais institucional. Hoje, boa parte dos conflitos começa — e muitas vezes termina — nas redes sociais. Foi assim com o deputado distrital Daniel Donizet (MDB), que se tornou alvo de críticas após um vídeo publicado pela influenciadora Andressa Urach, no qual ela o acusava de importunação. A gravação, apesar de vaga e sem provas concretas, repercutiu com força, gerando um julgamento instantâneo.

2 – A entrada da política no caso

Com a denúncia em alta rotação nos grupos de WhatsApp e redes sociais, Paula Belmonte (Cidadania), Procuradora Especial da Mulher da Câmara Legislativa, gravou um vídeo repudiando Donizet. Logo em seguida, Paulo Abelmonte, pré-candidato ao Buriti, também se manifestou. A partir daí, o caso ganhou um contorno político: mais do que uma acusação pessoal, o episódio passou a ser palco de disputas eleitorais.

3 – A versão de Donizet: sem denúncia, sem provas

Em nota à imprensa, a assessoria de Daniel Donizet nega qualquer conduta que configure importunação ou desrespeito. O texto afirma que não há boletim de ocorrência, denúncia formal ou evidência concreta que respalde a acusação. Além disso, destaca um dado relevante: a própria Andressa Urach apagou os vídeos das redes sociais, o que, segundo a equipe do deputado, indicaria uma revisão dos fatos e superação do mal-entendido.

Donizet ainda reforça, na nota, seu compromisso com o respeito às mulheres e afirma estar aberto a esclarecer os acontecimentos “com total serenidade e transparência”.

4 – Urach candidata: um ingrediente a mais

Outro elemento não pode ser ignorado: a própria Andressa Urach anunciou que pretende disputar uma vaga de deputada federal. A informação levanta questionamentos sobre os reais interesses por trás da acusação. Em meio ao turbilhão digital, onde visibilidade é moeda política, cada aparição conta. O caso pode, então, ter deixado de ser apenas um relato pessoal para se tornar um capítulo da pré-campanha.

5 – O risco do linchamento político-midiático

A sociedade precisa debater seriamente temas como assédio e importunação. Mas é fundamental que haja provas, formalização e contraditório. O que se viu nesse episódio foi o oposto: um linchamento digital baseado apenas em alegações, sem qualquer registro oficial. Nenhum inquérito foi aberto, nenhuma autoridade ouviu as partes. Mesmo assim, Daniel Donizet já foi julgado — e por muitos, condenado.

6 – Quando a pauta vira arma eleitoral

O episódio revela uma faceta preocupante da política atual: a instrumentalização de causas legítimas como estratégia de desgaste de adversários. A defesa dos direitos das mulheres é uma pauta urgente e séria demais para ser usada de forma leviana ou com fins eleitorais. Quando isso acontece, todos perdem — inclusive as verdadeiras vítimas.

7 – Que venham os fatos — e não só os cliques

A postura responsável deve ser sempre a mesma: apurar, ouvir, investigar. Até aqui, Donizet não foi denunciado, julgado ou sequer citado formalmente pela Justiça. O que temos é um ruído político sendo tratado como sentença. O tribunal das redes pode ser cruel, mas não pode substituir o devido processo legal.

Óbvio que vão dizer que estamos defendendo Daniel Donizet, porém só trouxemos os fatos reais e ouvimos o outro lado sem emoção alguma. Fatos reais são irrefutáveis — e aqui trouxemos a realidade. Assim somos pautados.

 

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