No início do mês, a PF indiciou Ibaneis em uma investigação que começou no ano passado. Em maio de 2019, a PF fez buscas na sede regional do MDB em Brasília, partido do governador Ibaneis Rocha, e encontrou documentos que reforçam os indícios de que o partido lançou candidatas laranjas na última eleição.
A PF citou ainda que 31 pessoas panfletaram para o então candidato às eleições de 2018, com recurso de supostas candidatas ‘laranjas’.
A defesa de Ibaneis afirma que “não há um único depoimento que diga que o governador pediu ou orientou que as pessoas deveriam panfletar para ele” e que “quem repassou os recursos para as ditas candidatas ‘laranjas’ foi o Partido”.
“Depois que o governador passou a ser um candidato com chances reais de ganhar a eleição, pode ter acontecido o efeito rebanho, ou seja, todos aderiram à sua campanha”, disse o advogado.
Entenda o caso
Pessoas que trabalharam na campanha disseram aos policiais federais que o MDB repassou mais de R$ 1 milhão para duas candidatas à Câmara Legislativa, mas que o dinheiro, na verdade, foi usado para pagar cabos eleitorais do então candidato Ibaneis Rocha.
Uma das candidatas é Dolores Moreira Costa Ferreira, que recebeu R$ 502 mil do partido para campanha, mas teve apenas 551 votos. Já Kadija de Almeida Guimarães recebeu R$ 573 mil do MDB e só 403 votos. Nenhuma das duas se elegeu.
Desde o ano passado, as investigações apontam que as duas candidatas receberam significativos aportes financeiros do MDB, com pequena compra de material de campanha, mas vultosa quantia para pagamento de militância de rua.
A PF afirma que o pagamento feito pelas supostas laranjas para cabos eleitorais não consta na prestação de contas de nenhum candidato.
Depois da eleição de Ibaneis Rocha, as duas candidatas foram nomeadas para cargos comissionados no governo do Distrito Federal.
A PF indiciou Ibaneis no curso das investigações, que ainda não terminaram. Fontes informaram que o relatório final ainda está sendo elaborado. Quando estiver pronto, a Polícia Federal vai enviar ao Ministério Público Eleitoral, que vai decidir se denuncia ou não o governador.
Ibaneis Rocha declarou que não era dirigente partidário em 2018 e que, por isso, não interferiu na distribuição dos recursos do fundo eleitoral do partido. A defesa do governador disse que cabe às candidatas prestarem contas sobre as campanhas delas.
Nós não recebemos resposta do MDB do Distrito Federal e não conseguimos contato com as duas candidatas.
Defesa do governador:
“O agora governador, enquanto candidato, não era coordenador financeiro da campanha e nem era o dirigente do partido. Portanto ele não foi o responsável pela destinação de recursos para os inúmeros candidatos da coligação. Mais, quem repassou os recursos para as ditas candidatas “laranjas” foi o Partido. Assim, seria impossível ao candidato a governador saber do dia-a-dia da campanha. Por fim, depois que o governador passou a ser um candidato com chances reais de ganhar a eleição, pode ter acontecido o efeito rebanho, ou seja, todos aderiram à sua campanha. O governador está absolutamente tranquilo de que esse caso será esclarecido pelo Ministério Público Eleitoral e pela Justiça Eleitoral.”