Ônibus aglomerados: secretário recomenda uso de carro

Nesta quarta-feira (10), o secretário de Mobilidade do Distrito Federal, Valter Casimiro, disse em entrevista coletiva que, apesar das aglomerações registradas no transporte público da capital em meio ao agravamento da pandemia de Covid-19, o metrô já funciona em todos os horários possíveis e que “não tem mais ônibus disponível para colocar para a população”.

Como medida para diminuir a lotação nos veículos, ele sugeriu à população que deixe de usar os coletivos.

“Se possível, não utilizem o transporte público, utilizem seus veículos individuais. Eu sei que é uma contradição do que a gente sempre vem pedindo, para usar mais o transporte coletivo e evitar engarrafamentos. Mas em um momento como esse, o que a gente pede é que reduza a utilização do transporte coletivo”, afirmou.

De acordo com o secretário, 100% da frota contratada pelo GDF já está nas ruas nos horários de pico. Valter Casimiro disse ainda que, apesar das restrições impostas pelo governo local, não houve uma redução grande no número de passageiros, como ocorreu no início da crise, no ano passado. Segundo o gestor, à época, a queda chegou a 75% e, neste ano, ficou em 50%.

Casimiro também afirmou que experiências vistas em outros estados sobre restrições no número de passageiros em veículos causaram “muito mais problemas que soluções”. Segundo o secretário, as principais medidas adotadas no transporte público foram a intensificação da higienização dos ônibus a cada viagem, e a fiscalização do uso de máscara por funcionários e passageiros.

Rede de saúde ‘no limite’

Durante a coletiva, o chefe da Casa Civil do DF, Gustavo Rocha, disse que tanto a rede pública de saúde quanto a particular estão operando “no limite”. “Não adianta a pessoa achar que por ter uma condição financeira melhor, por ter um plano de saúde, vai para o hospital particular, porque também não vai ter vaga.”

Segundo o secretário, entre terça (9) e quarta, foram abertos quatro leitos de UTI na rede pública para pacientes com Covid-19. A previsão é disponibilizar mais 30 vagas nas próximas 24 horas. No entanto, Gustavo Rocha reforçou que a situação não muda se não houver adoção das medidas sanitárias pela população, como uso de máscaras e distanciamento social.

“Não vai adiantar aumentar esses números [de leitos] se a população não mudar e criar consciência do momento que estamos passando. Se a gente não diminuir a circulação do vírus, quantos leitos forem abertos serão ocupados. A gente precisa acabar com esse ciclo vicioso.”

O secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez, também reforçou o coro. “A melhor gestão não é somente estar disponibilizando leitos, é o controle da disseminação”. Ele disse que os profissionais de saúde estão “esgotados, não recuperados ainda do embate da primeira onda”.

“A Secretaria de Saúde pede de uma maneira muito forte, e até entristecida, que a população pense em todos, em suas famílias, em seus amigos, e não faça aglomerações.”

Leitos em hotéis

Os secretários também comentaram a sugestão, feita pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) em uma rede social, de abertura de leitos em hotéis, diante da alta ocupação de hospitais. Segundo Petrus Sanchez, a medida seria inviável para o tratamento de pacientes porque esses locais não possuem acesso à rede de oxigênio.

“Então, a gente não tem essa possibilidade”, disse.

Já Gustavo Rocha afirmou que, com a fala, o governador quis dizer a alocação em hotéis de pacientes já em melhor estado, sem necessidade de oxigênio. Segundo Petrus Sanchez, a medida seria ideal para garantir o isolamento de famílias com muitos integrantes.

Transmissão e restrições

DF Legal fecha 16 comércios em primeira noite do toque de recolher

O chefe da Casa Civil disse que, na terça-feira (9), a taxa de transmissão do novo coronavírus na capital estava em 1,28. Na segunda (8), o índice era de 1,32. De acordo com Gustavo Rocha, apesar da redução, o número ainda é “alarmante” porque indica que cada 100 infectados contaminam outras 128 pessoas.

O índice de isolamento também permanece baixo, em 37%. No entanto, o chefe da Casa Civil disse que a população tem respeitado o toque de recolher. O entendimento foi o mesmo do secretário de Proteção da Ordem Urbanística do DF (DF Legal), Cristiano Mangueira.

“Às 22h30, praticamente a cidade está parada. E isso é bom, certamente esses números vão refletir nos próximos 15 dias.”

De acordo com Cristiano, diante das novas restrições impostas pelo GDF, as equipes de fiscalização passaram de seis para 16. O secretário disse que as operações estão atingindo todas as regiões da capital.

Na terça, foram vistoriados 11.386 estabelecimentos. Desses, 32 foram interditados por descumprimento de restrições, a maioria distribuidoras de bebidas. Duas pessoas foram multadas por não usarem máscara.

Ainda segundo o secretário, a pasta está monitorando as redes sociais para identificar e coibir festas com aglomerações clandestinas. A intenção é aumentar ainda mais a fiscalização aos fins de semana.

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